Saiba como a diversidade em shoppings ultrapassa o âmbito de uma estratégia comercial para transformá-lo a partir de um compromisso ético.
Os shoppings são mais do que espaços de compras, eles se transformam em ambientes de convivência, cultura, lazer e expressão social. Em uma sociedade cada vez mais diversa e consciente das diferenças entre as pessoas, a diversidade deixou de ser apenas uma pauta e passou a ser um pilar essencial.
Promover a inclusão dentro de shopping centers não é apenas a acessibilidade física. É necessário, também, valorizar diferentes identidades e realidades, criando ambientes mais acolhedores, justos e representativos. Isso porque é essencial que esses espaços realmente atendam às necessidades de todos os públicos.
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Por que a diversidade é importante para shopping centers?
A diversidade nos shoppings se manifesta na forma como os espaços são projetados e como os serviços são oferecidos. Ser um ambiente diverso significa reconhecer e acolher as diversas identidades, histórias e necessidades que compõem a sociedade.
Representatividade étnico-racial
No Brasil, a maioria da população é composta por pessoas negras e pardas, e, com isso, é fundamental que essa diversidade esteja refletida nos ambientes de consumo. É necessário ir além de ações pontuais, promovendo a presença de pessoas negras, indígenas e de outras etnias nas campanhas de marketing, no quadro de colaboradores, nas vitrines das lojas e nas ativações culturais.
Quando um shopping promove visibilidade e a valorização de identidades étnico-raciais, ele contribui não apenas para a inclusão social, mas também para a construção de um espaço mais justo. Isso fortalece o sentimento de pertencimento, gera identificação e torna o shopping um ambiente mais plural e acolhedor.
Pessoas com deficiência (PCDs)
É necessário garantir a acessibilidade arquitetônica, como as rampas, elevadores, banheiros adequados, vagas no estacionamento, sinalização tátil e entre outros. Mas também, a acessibilidade digital, com painéis visuais, atendimento capacitado e audiodescrição. Assim, a experiência do cliente precisa ser pensada desde o estacionamento até a digitalização.
Dessa forma, a acessibilidade se torna um direito e não como um diferencial. Muitos shoppings já avançaram nessa pauta, mas ainda há desafios importantes para garantir que PCDs também tenham acessibilidade digital. Um shopping acessível é mais do que funcional: ele transmite respeito e dignidade.
Equidade de gênero e o respeito à comunidade LGBTQIA+
Para garantir a equidade de gênero e o respeito à comunidade LGBTQIA+ é necessário ações concretas, como a oferta de banheiros inclusivos, políticas contra a discriminação, campanhas que reforcem o compromisso com o respeito às identidades e outros. Celebrar o mês do orgulho e capacitar colaboradores para atendimento inclusivo são ações que demonstram compromissos genuínos.
Promover a equidade e a inclusão, não apenas cumpre uma função social importante, mas também reforça que o shopping é um espaço de convivência. Uma vez que a diversidade é reconhecida e respeitada.
Diversidade econômica
A diversidade econômica também precisa ser considerada: oferecer lojas e opções de lazer para diferentes faixas de renda é essencial para tornar o shopping um ambiente democrático e acessível. Essa inclusão vai além do consumo, é reconhecer que pessoas com diferentes realidades também têm direito a espaços de convivência.
Inclusão geracional e outras
Crianças, jovens, adultos e idosos têm ritmos diferentes e um shopping precisa acompanhar todos esses públicos. Com isso, áreas infantis, opções de descanso nos corredores, eventos culturais e serviços voltados para diferentes faixas etárias fortalecem sua relevância como um espaço plural.
Por fim, as pessoas tendem a se identificar com lugares que representam quem elas são. A diversidade é mais do que acompanhar uma tendência, ela tem um papel central na fidelização de clientes, uma vez que os consumidores valorizam ambientes que são comprometidos com inclusão e respeito. Dessa forma, o shopping se consolida como um espaço vivo e conectado com a realidade de quem o frequenta.
Como os shoppings podem, na prática, promover a diversidade?
Acessibilidade física e digital
Um pilar essencial da diversidade em shopping centers é a garantia da acessibilidade, tanto nos espaços físicos quanto nos meios digitais. Com isso, todas as pessoas podem usufruir plenamente dos ambientes.
No dia a dia, isso significa estruturas como rampas bem-posicionadas, elevadores acessíveis e pisos táteis para orientar pessoas com deficiência visual. Esses elementos não apenas atendem às normas, mas demonstram atenção e cuidado com a experiência do visitante.
Além disso, medidas para garantir uma comunicação efetiva também são essenciais. Por exemplo, a sinalização em Braille nas placas informativas, os botões elevadores e a presença de colaboradores com conhecimento em Libras (Língua Brasileira de Sinais).
Já nos meios digitais, a inclusão continua sendo fundamental. Os sites e aplicativos do shopping devem contar com recursos de acessibilidade, como botões de alto contraste, letras ampliadas, compatibilidade com leitores de tela e descrições alternativas das imagens. Isso porque permitem que pessoas com deficiência visual, auditiva ou cognitiva possam acessar informações, fazer compras ou navegar com autonomia.
A acessibilidade, nesse contexto, é uma das expressões mais visíveis e transformadoras da diversidade.
Lojas e marcas inclusivas
Além da estrutura física e dos serviços oferecidos, os shoppings também podem promover a diversidade através do mix de lojas e marcas, que estejam alinhas a esses valores.
Outro ponto essencial são as vitrines e campanhas publicitárias que reflitam a pluralidade da sociedade. Mostrar diferentes corpos, idades, gêneros, etnias e estilos é uma forma de fazer mais pessoas se sentirem representadas. Assim, o shopping deixa claro que deseja se conectar com um público cada vez mais diverso e consciente.
A presença de vitrines inclusivas, aliada a uma comunicação respeitosa, transforma o shopping em um espaço que não busca apenas vender, mas sim de manter a cidadania e educar. Isso fortalece o vínculo com os consumidores e possibilita o aumento das vendas.
Eventos e programação cultural
Os eventos são ferramentas importantes para promover a diversidade em shopping centers. Isso porque transforma esses espaços em pontos de encontro de escuta e valorização das múltiplas identidades que compõem a sociedade.
Por exemplo, ao abrir espaço para feiras ou exposições de empreendedorismo negro e indígena, o shopping reconhece e valoriza a produção cultural e empresarial dessas comunidades.
Além disso, ações como palestras, rodas de conversa e exposições sobre diversidade ajudam a sensibilizar o público e a equipe interna para temas fundamentais atualmente. Esses eventos para além de cumprir o papel educativo, fortalecem a imagem do shopping como um espaço respeitoso e comprometido com a sociedade.
Dessa forma, datas simbólicas, como junho (mês do Orgulho LGBTQIA+) e novembro (mês da Consciência Negra), são excelentes oportunidades para organizar programações especiais. Pode-se realizar intervenções artísticas, apresentações culturais e campanhas que celebram a diversidade com respeito.
Equipes diversas e treinadas
Promover a diversidade em shopping centers também passa pelas pessoas que fazem parte do dia a dia da operação, desde colaboradores da administração até os lojistas. Ter equipes diversas é uma forma concreta de refletir e trazer a pluralidade da sociedade para fortalecer uma cultura mais inclusiva.
Para isso, é essencial que o shopping adote políticas de contratações inclusivas, incentivando a presença de pessoas negras, PCDs, LGBTQIA+ e outros grupos. A diversidade interna amplia visões, enriquece processos e contribui para um ambiente mais justo e acolhedor.
Outro tópico importante são os treinamentos regulares em diversidade, inclusão e atendimento respeitoso. Isso porque eles são capazes de sensibilizar e capacitar os colaboradores para lidar com diferentes públicos por meio da empatia e do profissionalismo. Esses workshops devem ser constantes para garantir que a cultura da diversidade seja vivida na prática, não só no discurso.
Além disso, a implementação de um compliance da diversidade tem sido uma prática muito utilizada atualmente. Isso porque traz diretrizes claras sobre condutas esperadas, respeito às diferenças e combate ao preconceito. É importante, também, estabelecer canais seguros de denúncias para casos de discriminação ou assédio, garantindo que qualquer comportamento inadequado possa ser tratado com seriedade.
O futuro dos shoppings: diversidade como compromisso social
Contudo, a diversidade não deve ser tratada apenas como uma estratégia de negócio, mesmo que traga benefícios comerciais, acima de tudo, ela é um compromisso ético e social. Em um mundo cada vez mais consciente das desigualdades e das pluralidades, os shoppings, como espaços de convivência, possuem a responsabilidade de se tornarem inclusivos, para que todos se sintam representados e respeitados.
O futuro dos shoppings passa pela consolidação de políticas permanentes de inclusão, que vão além de campanhas pontuais ou ações temáticas. Isso significa investir em infraestrutura acessível, manter canais abertos para escutas, capacitar equipes e, principalmente, adotar a diversidade como um valor da gestão.
Além disso, a inovação também desempenha um papel fundamental. Os recursos de Inteligência Artificial para descrever produtos para pessoas com deficiência visual e os aplicativos com traduções simultâneas em Libras são exemplos práticos de como a tecnologia pode ser uma aliada para a acessibilidade.
O Mall of America
Dessa forma, um caso real que comprova a viabilidade dessa mudança é o Mall of America, o maior shopping dos Estados Unidos. Para eles, a diversidade tem um papel central na cultura do empreendimento e no posicionamento estratégico. Localizado em uma região com grande diversidade cultural, o shopping vai além do conceito tradicional ao incorporar de forma genuína os princípios da inclusão na sua estrutura, serviços e programações.
Com isso, tornou-se um destino que acolhe diferentes públicos e atrai visitantes de diversas partes do mundo, mostrando que diversidade e excelência devem caminhar juntas.
É válido destacar que eles também possuem uma agenda regular de eventos voltados à valorização cultural, não só das comunidades que o cercam, mas do mundo todo. Um exemplo das celebrações do Black History Month foram o destaque dos 29 negócios liderados por negros no Mall of America, que transformou o shopping em um símbolo de respeito e diversidade.
A verdadeira transformação acontece quando a diversidade deixa de ser um diferencial competitivo e se torna um princípio na operação do estabelecimento. Não se trata de vender mais, mas sim de contribuir para uma sociedade mais justa e empática, que todos tenha o direito de pertencer. Esse é o futuro que os shopping centers devem construir.
Quando o consumo encontra uma pauta social
Promover a diversidade em shopping centers é um compromisso contínuo com a garantia de acesso e representação para todos. Isso significa repensar estruturas físicas, acolher marcas inclusivas, oferecer programações culturais plurais, capacitar a equipe interna e até trazer tecnologias a serviço da acessibilidade.
Quando um shopping abraça a inclusão, ele ultrapassa o papel de centro comercial e torna-se um espaço de convivência que reflete a pluralidade da sociedade. Assim, não é só as transformações do mundo que são acompanhadas, o shopping se torna parte ativa da mudança, ajudando na construção de um futuro mais representativo para todos.