Entenda como a inteligência artificial em shopping otimiza gestão de fluxo de pessoas, recomendação de produtos e sistemas de segurança.
Nos últimos anos, a tecnologia e as redes sociais passaram a ocupar um papel central na forma como comunicamos, consumimos e nos relacionamos. Em resumo, na forma como vivemos em sociedade. Entre essas inovações, encontra-se a inteligência artificial (IA), principalmente em shopping centers.
A IA deixou de ser vista como um recurso exclusivo das big techs e se tornou cada vez mais acessível a diferentes setores, transformando desde o varejo até as escolas. Em especial nos shoppings, essa evolução se destaca por permitir experiências mais personalizadas para os consumidores, transformando processos e abrindo espaço para novas oportunidades.
Para além de uma tendência, a inteligência artificial está se consolidando como uma aliada essencial para a gestão eficiente e construção de relações duradouras com o público. Isso porque favorece a otimização de custos operacionais e a geração de insights estratégicos, que fortalecem a competitividade.
Ao longo deste artigo, vamos explorar como a IA pode impactar a gestão, o relacionamento com visitantes e o futuro de shopping centers.
Boa leitura!
O que é inteligência artificial?
A inteligência artificial, de forma acessível, pode ser entendida como uma tecnologia que permite computadores e sistemas realizarem tarefas, que antes dependiam da inteligência humana. Isso significa que ela aprende através da experiência com grandes volumes de dados, identificando padrões e adaptando seu comportamento para alcançar objetivos específicos.
Diferente de um software tradicional, que só executa comandos previamente programados, a IA é dinâmica. Ou seja, ela aprende continuamente e melhora seu desempenho com o tempo para se tornar cada vez mais precisa e eficaz.
Exemplos já conhecidos pelo público, como o ChatGPT, o DeepSeek ou o Gemini, mostram como a inteligência artificial já está presente no dia a dia da sociedade, seja na geração de textos, na análise de dados ou na interação com usuários em tempo real.
Quando se fala em inteligência artificial em shopping, essas características possuem uma importância valiosa. Ao analisar o comportamento dos consumidores, por exemplo, a IA pode prever picos de movimento, otimizar escalas de trabalho, sugerir promoções personalizadas e até contribuir para estratégias relacionadas ao mix de lojas e à fidelização.
Uma outra possibilidade é auxiliar na gestão eficiente dos recursos do shopping, reduzindo custos operacionais e aumentando a qualidade do serviço oferecido. Isso porque um sistema de IA consegue identificar padrões de consumo em datas comemorativas, prever a demanda de determinados setores e orientar decisões de marketing.
Para além de uma tendência tecnológica, a inteligência artificial é um novo modelo de gerir os shoppings. Uma gestão baseada em dados, experiência do cliente e inteligência preditiva, fortalecendo a competitividade em um mercado que exige inovação constante.
Leia também:
Benefícios da inteligência artificial para os shoppings
A inteligência artificial em shopping abre um vasto campo de possibilidades para o setor, tornando a gestão mais estratégica e eficiente. Longe de substituir o trabalho humano, a tecnologia atua como suporte para equipes administrativas, operacionais e lojistas, mas o potencial da IA ainda está em plena expansão.
Um bom exemplo é um sistema da Riachuelo, que está em fase de teste em algumas lojas. Assim, quando o cliente entra no provador com uma peça, uma IA integrada a um sistema RFID, sugere outras peças que combine com a escolhida. O detalhe é que essa tecnologia possui um vasto banco de dados, que mostra clientes utilizando as sugestões em redes sociais, com influenciadores de moda e entre outras opções.
Mais personalização da experiência do consumidor
Com o apoio da IA, visitar um shopping está deixando de ser apenas uma ida às compras e se transformando em uma experiência personalizada, completa e memorável. Um grande exemplo são os aplicativos de shopping, que utilizam algoritmos inteligentes para sugerir lojas, promoções e até rotas personalizadas dentro do estabelecimento.
Ferramentas como o Mallx, da Intranet Mall, mostram como a tecnologia pode facilitar a jornada do consumidor. Isso porque com o apoio da inteligência artificial, o sistema atende, via WhatsApp, clientes dos shoppings para tirar dúvidas fazer solicitações. Até então, já são mais de 10 estabelecimentos utilizando a tecnologia.
Um outro recurso que tem ganhado espaço são os mapas inteligentes. Eles são capazes de direcionar os clientes desde a escolha da vaga do estacionamento até suas áreas de maior interesse dentro do shopping. Isso reduz o tempo de busca, melhora a circulação e contribui para uma experiência mais fluida e prática.
A IA também possibilita a criação de ofertas segmentadas por comportamento, identificando padrões de consumo e preferências individuais para entregar promoções personalizadas. Além de elevar a taxa de conversão das campanhas de marketing, também fortalece o relacionamento com os clientes.
Maior eficiência operacional
A inteligência artificial em shopping não está apenas transformando a experiência do consumidor, mas também revolucionando a forma como os shoppings são administrados. Com algoritmos avançados é possível prever picos de movimento e ajustar equipes de limpeza e manutenção, garantindo que os recursos sejam direcionados por necessidade.
Outro benefício vem do uso de sensores de energia integrados à IA, que monitoram o consumo em tempo real e ajustam automaticamente a iluminação e a climatização. Isso reduz os desperdícios e contribui para práticas sustentáveis, algo cada vez mais valorizado pela sociedade.
A análise de dados em tempo real é importante para fortalecer a tomada de decisão, permitindo que a gestão ajuste rapidamente oportunidades de melhorias ou problemas. Seja para ajustar campanhas de marketing, reorganizar áreas de maior circulação ou replanejar custos operacionais, a IA garante mais agilidade e assertividade nos processos.
Tudo isso reduz custos, otimiza processos e mantém o shopping preparado para receber visitantes. Esses recursos os tornam mais inteligentes, econômicos e sustentáveis, ao mesmo tempo que liberam as equipes para se concentrarem em estratégias de maior impacto e fortalecer a competitividade no setor.
Otimização do marketing e do relacionamento com o cliente
A inteligência artificial também tem um papel decisivo na forma como os shopping centers se relacionam com os clientes. Um exemplo prático está no uso de chatbots, principalmente integrados ao WhatsApp e aos aplicativos do shopping, que funcionam 24 horas por dia respondendo dúvidas, indicando lojas e oferecendo informações sobre promoções.
Além disso, também existe a IA para avaliar comentários e reclamações nas redes sociais. Ela funciona identificando padrões de insatisfação, que, muitas vezes, não seriam percebidos. A partir disso, os gestores podem agir de forma proativa, corrigindo falhas, aprimorando processos e até antecipando possíveis problemas.
Dessa maneira, é possível desenvolver campanhas com bastante personalização, já que a segmentação não leva em conta apenas o perfil do cliente, mas também o momento de consumo. Isso significa que a comunicação deixa de ser genérica para se tornar relevante, que aumenta as chances de engajamento e conversão.
Na prática, o marketing dos shoppings ganha mais precisão, enquanto os visitantes se sentem mais reconhecidos e valorizados. Como resultado, há uma relação de confiança e proximidade, que além de diferenciar o shopping no mercado, garante mais fidelização.
Aplicações práticas já adotadas em alguns shoppings
Análise de dados para entender padrões de consumo
A análise de dados para identificar padrões de consumo permite prever com mais precisão quais categorias de produtos terão maior procura em determinadas datas, como o Dia das Mães, Black Friday ou o Natal. Com esse tipo de informação os gestores e lojistas podem planejar melhor seus estoques e campanhas.
Outra funcionalidade é a identificação dos fluxos de visita por horários, que possibilita aos lojistas ajustar promoções de acordo com o movimento do shopping. Se os dados mostram, por exemplo, que determinados corredores recebem mais visitantes no horário do almoço ou no fim da tarde, as lojas podem programar ofertas durante esses períodos, aumentando a taxa de conversão e aproveitando o fluxo de clientes.
Um grande exemplo disso tudo aconteceu no shopping Westfield London, que anunciou, temporariamente em 2019, a administração da The Trending Store. Com o uso da IA, essa seria a primeira loja de moda física que vende apenas o que está em alta online em tempo real.
A loja identificava “criadores de tendências” na internet e rastreava o que eles estão vestindo para prever o futuro. Os dados eram alimentados ao vivo. Assim, as roupas tinham uma constante mudança com base no que as pessoas estavam vestindo no momento e atendiam a orçamentos grandes e pequenos.
Isso mostra como a inteligência artificial não apenas organiza informações, mas também gera valor estratégico e ajuda a alinhar a operação ao comportamento real dos consumidores.
Sistema de segurança com reconhecimento facial
A inteligência artificial também vem sendo aplicada na área de segurança dos shopping centers, garantindo mais eficiência não só na operação, mas também na proteção para visitantes e lojistas. Indo além do monitoramento tradicional, esse modelo traz a prevenção que acompanha a complexidade desses grandes centros comerciais.
Uma das grandes funcionalidades é a câmera inteligente, que é capaz de identificar comportamentos suspeitos, analisar padrões de movimento e situações fora do comum e acionar alertar preventivos para a equipe de segurança. Isso ajuda a reduzir o tempo de resposta e o impacto na operação diante de possíveis incidentes.
Outra aplicação prática está no controle de acesso com reconhecimento facial em áreas restritas dos shoppings. Essa tecnologia não só reforça a segurança contra acessos não autorizados, como também facilita a gestão de equipes, substituindo métodos tradicionais de identificação, como crachás ou senhas, que podem ser compartilhados ou extraviados.
O Mall of America é um exemplo vivo do uso dessa tecnologia. Com mais de 520 mil metros quadrados, a equipe do shopping não consegue estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Por isso, câmeras de segurança integradas com recursos de reconhecimento facial e IA foram instaladas em pontos-chave de prioridade.
O mall usa essa tecnologia para identificar aqueles que podem ser uma ameaça para ambiente, pessoas identificadas como perigosas pelas autoridades policiais ou indivíduos que estão desaparecidos ou que podem estar em perigo. O sistema dispara o alerta e a equipe realiza uma investigação completa.
Experiências imersivas nos shoppings
Muito além de vitrines e promoções tradicionais, a IA vem criando interações únicas que transformam a visitam em um momento com mais entretenimento, conveniência e personalização. Um exemplo são as vitrines digitais que reagem ao perfil do cliente, exibindo produtos de acordo com interesse, faixa etária ou histórico de consumo.
Assim, combinando sensores, IA e análise dados, essas vitrines conseguem adaptar seu conteúdo em tempo real, tornando cada contato mais relevante e estimulando a intenção de compra.
Além disso, a união entre diversão e engajamento nas experiências gamificadas em realidade aumentada têm ganhado bastante força. Com isso, o visitante pode interagir com elementos virtuais espalhados pelo shopping, acumular pontos e trocar por recompensas, fortalecendo tanto a fidelização baseada em dados quanto o fluxo de visitas.
Isso transforma a ida ao shopping em uma experiência mais lúdica e memorável, principalmente para o público jovem.
Exemplos internacionais já mostram o potencial dessa tendência. O Allee Mall, na Hungria, recebeu uma experiência de realidade aumentada da National Geograhic, que colocava projeções de animais selvagens na praça principal do estabelecimento comercial, como dinossauros e onças.
Isso fez diversos visitantes pararem, se interessarem e interagirem com a experiência, principalmente tirando fotos e criando memórias valiosas. Essa iniciativa reforça como os shoppings estão deixando de ser apenas locais de compras para se transformarem em espaços de experiências e inovações e a IA é uma grande aliada para encantar e fidelizar o público.
Desafios e cuidados na implementação de IA
Apesar de todos os benefícios que a inteligência artificial traz para shopping centers, sua implementação não acontece sem desafios. Um dos principais é a adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e às políticas de compliance relacionadas à coleta e uso de dados.
É de suma importância que os shoppings deixem claro para os clientes como seus dados estão sendo capturados e utilizados, garantindo transparência e segurança em todas as etapas do processo.
O essencial é manter o equilíbrio entre personalização e respeito à privacidade. Se, por um lado, a IA permite recomendações mais assertivas e experiências personalizadas, por outro o excesso pode gerar desconforto ou a sensação de invasão. O segredo está em usar os dados de forma responsável, com consentimento e limites definidos.
Há também uma questão relacionada à resistência cultural, tanto dos lojistas quanto dos consumidores. Isso porque ainda há bastante desconfiança sobre a eficácia e a segurança do uso da IA. Com isso, é necessário um trabalho de conscientização e comunicação clara, explicitando que a tecnologia existe para melhorar a experiência e não para expor usuários.
Por último, um dos maiores desafios é a capacitação das equipes. É preciso que os profissionais responsáveis estejam preparados para interpretar corretamente os dados e transformar insights em ações práticas. O treinamento contínuo é essencial para que a inteligência artificial seja, de fato, uma aliada estratégica na gestão.
De forma geral, a IA nos shoppings exige planejamento, responsabilidade e preparo. Quando ela é aplicada de forma ética e transparente, pode gerar grandes avanços. Porém, isso só será possível se estiver acompanhada de cuidados com a privacidade e a cultura organizacional.
O futuro da inteligência artificial em shoppings
O futuro da inteligência artificial nos shoppings aponta para uma transformação cada vez mais profunda nesses espaços. A tecnologia tende a tornar as experiências cada vez mais fluidas, eliminando etapas burocráticas e proporcionando mais conveniência, desde o pagamento sem filas até ambientes que se adaptam ao perfil de cada cliente.
Os shoppings que abraçarem essa revolução sairão na frente na disputa por público, se posicionando não só como locais de compra, mas como polos de inovação e shopping resort.
Com esses avanços, aumentam as possibilidades dos shoppings se tornarem um verdadeiro hub de experiências inteligentes. Esse modelo coloca o consumidor no centro e os centros comerciais como espaços de conexão, inovação e vivências memoráveis, que estão preparados para acompanhar as demandas de um público cada vez mais exigente e digital.
