Lançado em 2023, o TikTop Shop é um recurso de e-commerce dentro da plataforma de vídeos TikTok. Essa funcionalidade chegou recente ao Brasil e as projeções apontam que, em 3 anos, pode movimentar R$ 39 bilhões. Isso representa de 5 a 9% das vendas do e-commerce no Brasil.
Mas o que isso tem a ver com shopping centers?
O TikTok Shop é um exemplo de como entretenimento, tecnologia e consumo estão se fundindo. E embora os shoppings sejam, por excelência, espaços físicos, é impossível ignorar os sinais do mercado, sobretudo quando eles dizem respeito às novas tendências de consumo.
Por isso, neste artigo, vamos explorar o que é o TikTok Shop, como funciona e o que os shopping centers podem aprender com esse novo modelo de consumo.
Afinal, o que é o TikTok Shop?
Primeiramente, vamos entender o que é o TikTok Shop.
Essa funcionalidade permite compras dentro do próprio aplicativo do TikTok. Lançada em mercados asiáticos, foi depois expandida para os Estados Unidos, Reino Unido e América Latina. Somente em 2024, a plataforma gerou mais de US$11,9 bilhões na Tailândia e Indonésia.
Dessa forma, marcas e vendedores oferecem seus produtos, enquanto criadores de conteúdo podem promover esses itens em vídeos, transmissões ao vivo e carrosséis de fotos.
Assim, o processo de compra do TikTok Shop ocorre sem que o usuário saia do aplicativo. Isso porque, o criador apresenta o produto e um botão clicável leva o usuário à página de compra. Tudo isso de forma fluida e rápida, acompanhando o comportamento digital atual, sobretudo das novas gerações.
Como funciona o TikTok Shop
O TikTok Shop é composto por três pilares principais:
- vendedores, ou seja, empresas e empreendedores que cadastram seus produtos na plataforma;
- criadores de conteúdo, ou seja, influenciadores que recomendam esses produtos por meio de vídeos e lives.
- consumidores, ou seja, os usuários da plataforma que são impactados pelos conteúdos e realizam a compra com poucos cliques.
Além disso, o TikTok oferece um programa de afiliados que remunera os criadores por cada venda gerada a partir de seus conteúdos. Ou seja, o incentivo está alinhado com o alcance e a influência que eles exercem.
Outro diferencial é o uso de lives de vendas. Esse formato une a espontaneidade do ao vivo com a urgência da compra. As transmissões ao vivo se tornaram um grande sucesso na Ásia e vêm ganhando força no Brasil, especialmente entre marcas que já nasceram no digital.
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A nova lógica de consumo
O comportamento do consumidor tem mudado com o surgimento de novas tecnologias e plataformas. Por isso, é de suma importância acompanhar as novas tendências para se manter relevante no mercado.
O que diz respeito ao TikTok Shop não só está oferecendo mais uma alternativa de compra como também está consolidando uma nova lógica: entretenimento e consumo. Afinal, as pessoas entram no TikTok para se entreterem e no meio desse processo podem ser instigadas a consumirem algum dos produtos expostos.
Portanto, é importante lembrar que jornada de compra não é linear. Ela é impulsiva, emocional, guiada por recomendações e tendências.
Nesse sentido, podemos dizer que o conteúdo vende. Ou seja, o vídeo curto, criativo e informal produzido por pessoas comuns ou inflencers gera vendas.
Essa lógica é especialmente voltada para a Geração Z e os millennials, que são nativos digitais e cada vez mais exigentes em relação à experiência personalizada e a integração entre o físico e o digital.
Físico + Digital = Figital
Como já dito, a jornada de compra não é linear, portanto, uma pessoa pode fazer todo processo de descoberta e escolha de seleção de um produto em lojas físicas e comprar online.
Fato é que essa combinação dos mundos físico e digital, tornou-se uma tendência e ganhou o nome de figital. Assim, cria-se experiências integradas, em que a barreira entre o presencial e o virtual praticamente desaparece. Em um ambiente figital, o cliente pode, por exemplo, começar sua jornada de compra online e finalizá-la na loja física.
Essa abordagem tem se destacado pois responde ao desejo por conveniência, agilidade e experiência. Isso porque, o figital transforma pontos de venda em pontos de experiência, oferecendo interatividade, dados em tempo real e conexões mais humanas.
Mas o que os shoppings têm a ver com o TikTok Shop?
Embora à primeira vista o TikTok Shop pareça um movimento exclusivamente digital, ele traz lições para o mundo físico, especialmente para os shoppings, que vêm passando por transformações profundas nos últimos anos.
A ascensão do e-commerce, as mudanças nos hábitos de consumo pós-pandemia e o surgimento de novas expectativas do público colocaram esses empreendimentos diante de um desafio: como continuar sendo relevantes em um mundo onde o consumidor tem tudo à distância de um clique?
A resposta passa por compreender e, mais do que isso, aprender com os novos modelos que surgem no digital e compreender os novos hábitos de consumo.
3 aprendizados que os shoppings podem tirar do TikTok Shop
1. A experiência vende e o entretenimento faz parte dela
O TikTok Shop mostra que o processo de compra pode ser divertido. Isso porque, os criadores de conteúdo usam humor, storytelling, demonstrações criativas e formatos envolventes para capturar a atenção do público e conduzi-lo até a decisão de compra.
Por isso, podemos trazer essa realidade para os shoppings, que são apenas centros comerciais, mas também ambientes em que as pessoas buscam por experiência. E essa experiência precisa ser cada vez mais imersiva, envolvente e memorável. Segundo relatório da Custumer Experience Trends 2020, 75% das pessoas gatariam mais em uma empresa em que tiveram uma boa experiência enquanto 50% dos consumidores mudariam para o concorrente após uma experiência ruim.
Ativações interativas, eventos temáticos, vitrines instagramáveis e até mesmo transmissões ao vivo feitas de dentro do shopping são formas de incorporar o entretenimento como parte da jornada de compra física.
O consumidor quer mais do que um local para comprar, ele quer viver algo único. E o TikTok Shop está ensinando exatamente isso.
2. A influência está descentralizada
No TikTok Shop, não são apenas os grandes influenciadores que vendem. Muitas vezes, quem gera mais conversão são os microinfluenciadores, com audiência mais nichada e engajada.
Para os shoppings, isso é uma oportunidade ímpar. Ao se conectarem com influenciadores locais, os shoppings podem impulsionar campanhas, divulgar novidades e atrair um público mais qualificado.
Criar parcerias com criadores da cidade ou região, realizar desafios digitais que começam no TikTok e terminam no shopping, por exemplo, ou mesmo convidar influenciadores para experiências exclusivas dentro do espaço físico são estratégias com enorme potencial.
Leia também: Como o marketing de influência pode impulsionar o sucesso de shopping centers
3. A jornada precisa ser fluida entre o físico e o digital
Um dos maiores aprendizados do TikTok Shop é que o consumidor não enxerga mais barreiras entre o online e o offline. Ele descobre produtos no TikTok, pesquisa no Google, compra no app e retira na loja. Ou visita um shopping, testa um produto e depois compra pela internet.
Esse comportamento exige que os shoppings repensem sua presença digital. Então, ter um bom site institucional já não é suficiente. É preciso oferecer experiências híbridas, integrar o digital ao físico e criar pontes entre os mundos.
Isso pode acontecer com:
- QR codes nas vitrines levando a conteúdos no TikTok ou Instagram;
- realidade aumentada para experimentar produtos ou visualizar ambientes;
- programas de fidelidade integrados a apps e redes sociais;
- eventos físicos com repercussão digital, como lives, vídeos curtos e desafios on-line.
O shopping como espaço vivo e conectado ao novo consumidor
O TikTok Shop é apenas um dos muitos sinais de que o consumo está mudando. Isso porque ele nos mostra que o conteúdo, a agilidade, a personalização e a experiência são os pilares do novo varejo.
Para os gestores de shoppings, há a oportunidade de traduzir essas mudanças para o espaço físico: criar ambientes mais vivos, experiências mais conectadas e estratégias mais integradas.
Não se trata de copiar o digital, mas de aprender com ele. Entendendo, assim, o que move o consumidor e aplicar esses aprendizados na prática.