Última atualização: 29 de novembro de 2023
Nos últimos anos, estamos presenciando um crescente número de tentativas do golpe do boleto, um aumento de 45%. Tal golpe varia desde a falsificação desses documentos até a criação de cópias fraudulentas.
Segundo a Federação Brasileira dos Bancos, a FEBRABAN, 75% dos brasileiros optam por fazerem seus pagamentos via boleto bancário. Nesse sentido, é importante estarmos alerta e saber como se prevenir desse golpe que tem prejudicado inúmeros brasileiros.
Assim, neste artigo, vamos apresentar dicas práticas para você se prevenir do golpe do boleto.
Afinal, o que é um boleto?
O boleto é um documento de cobrança empregado para efetuar o pagamento de uma obrigação financeira específica. Ele é emitido pelo credor e encaminhado ao devedor com a finalidade de ser quitado até a data de vencimento estipulada.
Válido lembrar que empresas (CNPJs) e pessoas físicas podem emitir um boleto. Dessa forma, basta apenas que possuam uma carteira de cobranças junto a um banco ou instituição financeira autorizada.
Tipos de boletos
Até 2018, existiam três categorias de boletos bancários: com registro, sem registro e recorrente. A partir disso, passaram a existir somente os boletos com registro e recorrente. Entenda melhor as mudanças e as características de cada um deles:
Boleto sem registro
O boleto sem registro deixou de existir no Brasil em 2018, devido à im2qplementação de novas regras para a emissão de boletos bancários da FEBRABAN.
Anteriormente, nessa modalidade, não havia registro do documento junto ao banco emissor. Portanto, a instituição financeira não tinha conhecimento do título e cobrava a tarifa somente no momento em que o pagamento do boleto era efetuado.
Assim, essa prática, por oferecer pouco controle sobre a cobrança, abria espaço para fraudes, levando à descontinuação do boleto sem registro no Brasil.
Boleto com registro
O boleto com registro é uma modalidade que inclui informações de identificação e rastreamento. O emissor deve fornecer ao banco dados como nome e CPF ou CNPJ do cliente, valor da compra, data de vencimento do boleto, informações sobre a incidência ou não de juros após o prazo estabelecido e locais autorizados para pagamento.
Essas informações são comunicadas ao banco pelo emissor do boleto, formalizando a operação no sistema. Dessa forma, proporciona-se maior controle e segurança tanto para a empresa quanto para o pagador.
O boleto com registro é utilizado por pessoas físicas e jurídicas para a cobrança de seus clientes. Ele foi introduzido para substituir o boleto simples, que apresentava mais vulnerabilidades a fraudes e foi extinto em 2018, seguindo as diretrizes propostas pela Federação Brasileira dos Bancos.
Boleto recorrente
Por fim, temos o boleto recorrente, que é uma forma de pagamento em que o cliente autoriza o recebimento de cobranças periódicas por meio de boletos bancários.
Essa cobrança é contínua, variando de acordo com um período determinado e possuindo uma data de vencimento fixa. É comumente utilizado por empresas que oferecem produtos ou serviços pagos de maneira recorrente, como assinaturas de revistas, serviços de streaming, entre outros.
O boleto recorrente se assemelha a outras formas de pagamento recorrente, como cartão de crédito e débito automático. O processo de emissão desses boletos é automatizado, facilitando o controle da empresa sobre os pagamentos a receber e reduzindo a possibilidade de falhas ou erros na emissão.
No entanto, é importante que o cliente esteja ciente de que o boleto recorrente não é faturado automaticamente; o pagamento requer a intervenção do cliente, ao contrário do débito e crédito, nos quais a cobrança ocorre automaticamente.
A estrutura de um boleto
Estabelecido pela FEBRABAN, todo boleto bancário deve conter, obrigatoriamente, os seguintes 12 itens:
- Código do banco: são três dígitos que correspondem ao Código das Instituições Bancárias na Compensação da instituição financeira acompanhado pelo dígito verificador.
- Linha digitável: representação numérica do código de barras.
- Vencimento: data em que o boleto deve ser pago sem que perca o valor ou haja pagamento de multas.
- Agência código cedente: cada banco possui seu padrão, mas usualmente contém número da carteira, agência, conta e dígito.
- Nosso número: código de controle que identifica o boleto e permite ao banco e beneficiário identificar os dados que deram origem ao documento, por isso, são números únicos.
- Valor do documento: valor a ser pago. O número deve conter duas casas decimais separadas com uma vírgula.
- Cedente/beneficiário: contém as informações sobre o emissor do boleto, que pode ser pessoa física ou pessoa jurídica.
- Data do documento: data em que o boleto foi gerado ou emitido.
- Sacado/pagador: contém as informações sobre quem fará o pagamento, como nome, endereço e CPF ou CNPJ.
- Instruções: contém mensagem ao caixa recebedor, que devem ser claras a respeito das condições de recebimento do boleto.
- Carteira: indica se o boleto é registrado ou não.
- Código de barras: é uma imagem que representa as informações do boleto.
Sinais de alerta em um boleto
Agora que você conhece um pouco mais sobre os boletos, sua estrutura e regulamentação aqui no Brasil, é hora de falarmos sobre sinais de alertas em um boleto que pode ser um golpe.
Para verificar a autenticidade de um boleto, é crucial observar algumas características do documento, tanto em sua forma física como em seu formato digital. Por isso, desconfie da legitimidade do boleto se:
- O documento apresentar erros ortográficos ou possuir um código de barras defeituoso;
- O número do código de barras na parte superior do documento diferir do número na parte inferior;
- O remetente do boleto for desconhecido;
- O código de barras não puder ser lido pelo aplicativo do banco;
- Você não se recordar da compra realizada ou o valor estiver divergente do que se lembra.
Dicas para evitar o golpe do boleto falso
Conforme vimos logo acima, existem alguns sinais de que um boleto seja falso. Contudo, como evitar o golpe do boleto falso de forma prática?
A seguir, vamos apresentar 7 dicas práticas para evitar esse tipo de golpe:
1 – Verifique a procedência
Certifique-se de que o boleto provém de fonte confiável. Desconfie de documentos enviados por remetentes desconhecidos ou que não estejam relacionados às suas transações regulares e/ou que não esteja esperando.
Assim, tenha cautela quanto a e-mails ou mensagens de fontes não oficiais e que solicitem pagamentos. Se necessário, entre em contato com a empresa para verificar a autenticidade do boleto.
2 – Analise a qualidade do boleto
No tópico anterior, listamos alguns sinais de que o boleto seja falso. Por isso, examine o boleto em busca de possíveis sinais de falsificação, como, por exemplo, erros ortográficos, formatação inadequada ou qualquer aspecto visual que pareça suspeito.
Lembre-se que ao menor sinal de dúvidas, não efetue o pagamento e entre em contato com o remetente.
3 – Confira o Código de Barras
Verifique se o código de barras está legível e não apresenta falhas. Desconfie se houver discrepâncias entre o número do código de barras na parte superior e inferior do boleto.
Além disso, atente-se se na descrição do e-mail estiver a linha digitável, código de barras ou QR Code para pagamento em PIX. Essa não é uma prática comum das empresas.
Ademais, os últimos dígitos do código de barras precisam ser correspondentes ao valor a ser pago.
4 – Confira os dados do banco do emissor do boleto
No caso do golpe do boleto, é comum que os fraudadores cometem pequenos erros ao criar boletos adulterados. Um dos principais erros é a inserção de um logotipo diferente da instituição financeira emissora no boleto.
Assim, para verificar a autenticidade, confira se os três primeiros dígitos do código de barras coincidem com o código do banco indicado no boleto.
Confira a lista dos códigos dos principais bancos que atuam no Brasil.
5 – Não imprima o boleto
No golpe do boleto falso, criminosos utilizam o vírus de tipo bolware para manipular e adulterar os documentos. Este tipo de vírus altera informações no boleto, como o valor e a conta para onde o dinheiro será destinado quando a vítima imprime o documento.
Por isso, a dica é não imprimir o boleto e sim solicitar ao emissor que envie o arquivo no formato PDF, que é mais resistente a adulterações. Além disso, recomendamos que o antivírus sempre esteja atualizado em seu computador. O antivírus ajuda a detectar possíveis ameaças ao abrir arquivos digitais.
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6 – Mantenha registros de compras
Ao receber um boleto que não estava esperando, esteja em alerta e entre em contato com a empresa ou a pessoa responsável pela cobrança. Isso é para assegurar a legitimidade da transação.
Contudo, nossa dica aqui é manter um registro de suas transações. Isso porque, ficará mais fácil a identificação de cobranças fraudulentas e você conseguirá saber se o boleto corresponde a uma compra legítima e se a cobrança está de acordo também com o valor estabelecido.
7 – Utilize o Débito Direto Autorizado (DDA)
Por fim, temos a utilização do Débito Direto Autorizado, que quando o cliente se cadastra passa a receber a versão eletrônica de todos os boletos emitidos em seu nome. Assim, há maior segurança, uma vez que o DDA extrai as informações diretamente da Nova Plataforma de Cobrança, eliminando o risco de falsificação por parte de golpistas que se passam por lojas ou empresas prestadoras de serviços.
Nesse sentido, para aderir ao DDA, o consumidor precisa se cadastrar como “pagador eletrônico” em sua instituição financeira. Caso haja cobrança em seu nome, essa ferramenta permite ao cliente reconhecer a dívida e, uma vez reconhecida, autorizar o débito para efetuar o pagamento. Da mesma forma, o cadastro pode ser realizado por meio dos canais eletrônicos.
Conclusão
Diante do aumento significativo do golpe do boleto falso, é preciso que tanto pessoas físicas como pessoas jurídicas estejam atentas às transações que realizam.
Adotar práticas seguras, como a verificação cuidadosa de boletos, especialmente conferindo os três primeiros dígitos do código de barras, ajudam a evitar dor de cabeça e problemas oriundos com esse tipo de golpe.
Lembre-se que em caso de dúvida, busque diretamente a instituição financeira ou a empresa em questão para obter esclarecimentos e autenticar a legitimidade do boleto, e assim evitar cair em golpes.