A compra de condomínios em leilões teve um aumento significativo nos últimos anos. Essa tendência reflete uma realidade preocupante: muitos donos de imóveis enfrentam dificuldades financeiras e problemas de gestão. Isso leva, em casos extremos, à venda judicial dos imóveis.
O aumento da participação de imóveis em leilão com dívidas condominiais acende um alerta para a importância de entender como funciona esse processo. E isso vale tanto para quem compra quanto para quem administra.
Neste artigo, buscaremos responder às principais dúvidas sobre o assunto de condomínios em leilões.
Após a leitura, você vai entender o que isso significa, quais são os riscos e responsabilidades envolvidos na compra de imóveis localizados em condomínios em leilão e como se proteger nessa situação. Confira!
O que são condomínios em leilões?
Condomínios em leilões são imóveis que a Justiça coloca à venda quando os proprietários deixam de pagar as taxas condominiais ou outros custos do imóvel, como financiamentos.
Se o condômino não pagar as dívidas por um prazo considerável, o condomínio pode cobrar judicialmente os valores devidos, incluindo taxas, multas e juros. Se mesmo após a ação judicial o pagamento não for realizado, o imóvel pode ser levado a leilão para quitar as dívidas.
As administradoras de condomínios precisam acompanhar esses processos para:
- garantir a regularização financeira do condomínio;
- controlar e administrar riscos jurídicos e financeiros decorrentes das inadimplências;
- informar condôminos e interessados sobre a situação do imóvel e orientar os procedimentos;
- e, é claro, planejar ações e estratégias para recuperação das perdas e manutenção da saúde financeira do condomínio.
Existem dois tipos principais de leilões:
O que é leilão judicial?
O leilão judicial ocorre quando há um processo, que pode ser criminal, fiscal, civil ou trabalhista. Ele acontece quando o devedor, não possuindo meios de pagar o que deve ao credor, tem um bem penhorado pela Justiça para garantir a dívida.
Dessa forma, o leilão judicial é uma forma de venda pública na qual qualquer pessoa interessada pode participar. Contudo, existem exceções previstas no artigo 890 do CPC (Código de Processo Civil) e outras legislações aplicáveis.
Nesse tipo de leilão, geralmente ocorre uma disputa entre os interessados pelo bem que está sendo leiloado.
O que é leilão extrajudicial?
Por outro lado, um leilão extrajudicial acontece quando o dono do bem decide realizá-lo e dá sua autorização.
Nessa modalidade, não há a participação obrigatória do tribunal. Ela é comum em casos de financiamentos de imóveis ou veículos com parcelas atrasadas, nos quais o devedor deixa de pagar as parcelas acordadas. Isso leva o credor a realizar o leilão do próprio bem financiado para receber o valor da dívida.

Quais os riscos de comprar um imóvel com dívida de condomínio?
Comprar um imóvel com pendências, como dívida de condomínio, pode levar a uma série de problemas. O comprador pode precisar pagar as dívidas pendentes e o IPTU atrasado. Também pode enfrentar problemas na matrícula, imóvel ocupado, entre outros. Em casos extremos, o leilão pode ser até anulado.
Por isso, o arrematante deve verificar se há débitos condominiais antes de dar um lance. Isso evita arrematar um imóvel que parecia promissor, mas que está em débito imobiliário por inadimplência, e herdar muitas dores de cabeça no processo.
Dívida de condomínio leva a leilão?
Sim, a depender do tempo da dívida, ela pode levar o imóvel a leilão. Em geral, o condomínio pode entrar com ação de cobrança judicial após três meses de inadimplência das taxas condominiais. Daí a necessidade de evitar o atraso de condomínio sempre que possível.
Se não houver pagamento ou acordo, o imóvel pode sofrer penhora e posteriormente ser leiloado para a execução da dívida.
Nesses casos delicados, o síndico deve notificar formalmente o condômino inadimplente, buscando um acordo amigável antes de entrar com ações judiciais. Caso a cobrança extrajudicial fracasse, é preciso formalizar o processo de execução, solicitando penhora e, se necessário, leilão do imóvel para saldar débitos.
É fundamental que o síndico mantenha a assembleia informada e atue com transparência para resguardar os interesses coletivos.
A administradora do condomínio, por sua vez, deve assessorar o síndico nesse processo. Ou seja, organizando notificações e cobranças extrajudiciais e preparando documentos para ações judiciais sob orientação jurídica.
Além disso, ela auxilia no controle e registro das dívidas, garantindo que todas as medidas estejam em conformidade com a legislação. Também facilita o relacionamento com advogados e tribunais, agilizando processos e reduzindo riscos de erros.
Quantos meses sem pagar condomínio vai para leilão?
Após três meses de inadimplência, o condomínio pode acionar a Justiça para cobrar os débitos. Se o morador não pagar, o processo pode avançar para a penhora e leilão do imóvel para quitar a dívida acumulada.
O ex-jogador Marcelinho Carioca enfrentou essa situação em 2024. Ele perdeu um imóvel de R$ 1 milhão na Mooca, em São Paulo, por causa de dívidas de condomínio que já superavam o valor do próprio imóvel.
Quem paga a dívida condominial após o arremate?
De acordo com decisão do STJ, o arrematante se torna responsável pelos débitos condominiais anteriores ao arremate, e deve pagar essa dívida.
“Em se tratando a dívida de condomínio de obrigação "propter rem", constando do edital de praça a existência de ônus incidente sobre o imóvel, o arrematante é responsável pelo pagamento das despesas condominiais vencidas, ainda que estas sejam anteriores à arrematação, admitindo-se, inclusive, a sucessão processual do antigo executado pelo arrematante.”
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Como verificar e regularizar as dívidas condominiais antes do leilão?
Nem sempre o edital do leilão informará o montante das dívidas. Por isso, antes do leilão, é preciso ir atrás dessa informação. Para levantar as dívidas do imóvel, existem alguns caminhos.
Um deles é solicitar a Certidão Negativa de Débitos (CND), um documento oficial emitido pela administradora do condomínio que comprova se o imóvel está em dia com as taxas condominiais. É fundamental exigir essa certidão para verificar a situação financeira antes da compra.
Também é importante conversar com a administradora do condomínio e com o síndico para obter informações detalhadas sobre possíveis débitos, ações judiciais em andamento e pendências relacionadas ao imóvel.
Paralelamente, pode-se fazer uma pesquisa em órgãos públicos e cartório para consultar certidões negativas de tributos municipais, IPTU, e verificar a existência de ações judiciais que possam comprometer o título do imóvel.
Em casos específicos, quando o leilão é motivado pela dívida de condomínio, é importante verificar se existem múltiplos processos devido a essa dívida. Em determinados casos, os processos podem incluir todas as parcelas devidas até a liquidação total da dívida, o que pode afetar a preferência do credor hipotecário.
Após o leilão, é possível entrar em negociação de dívida com o condomínio para quitar as pendências e proceder com a regularização de imóvel. É necessário providenciar documentação que comprove o pagamento das dívidas e atualize o registro imobiliário, garantindo a transferência segura do imóvel. Para isso, é importante ter assessoria jurídica para evitar problemas futuros com custos ocultos ou disputas judiciais.
Qual o papel da administradora no acompanhamento de imóveis em leilão
A administradora de condomínio é parte importante da gestão condominial. Ela pode atuar proativamente na cobrança da dívida, mediando e facilitando a comunicação com o síndico e prestando suporte jurídico para evitar leilões. Além disso, deve fornecer suporte ao novo proprietário após o arremate do imóvel.
Condomínios em leilões: como a tecnologia ajuda na gestão de inadimplência
Como se vê, a inadimplência em condomínios é uma questão delicada, que pode comprometer o imóvel e, em casos mais críticos, levá-lo à leilão. No entanto, a tecnologia na administração pode facilitar a gestão digital do condomínio e contornar esse problema.
Um bom software condominial pode ser a resposta para todas as questões envolvendo a gestão do condomínio, o que engloba também a inadimplência.
As ferramentas digitais da Group Software têm funcionalidades específicas, como avisos automáticos, histórico de débitos, automação de cobranças e integração bancária que contribuem para controle de inadimplência e prevenção de leilões.
Perguntas frequentes sobre condomínios em leilões
Após a leitura restou alguma dúvida? Por favor, consulte o FAQ abaixo e veja se ela já está respondida!
Entre os principais riscos estão a responsabilidade pelo pagamento das dívidas, a execução de débitos pendentes, possíveis litígios judiciais, desvalorização do imóvel e restrição em seu uso e sua venda.
Em geral, um atraso de três meses já é suficiente para iniciar o processo de cobrança judicial que pode evoluir criticamente até o imóvel ser levado a leilão.
Sim, o novo dono do imóvel “herda” a dívida, mesmo que tenha sido contraída antes da compra.
Do período de arremate do condomínio em leilão até a posse do bem, pode-se passar um determinado tempo. Nesse período, a responsabilidade do pagamento é de quem tem a posse (o antigo dono) até que o imóvel passe para o nome do novo dono.






