Entenda como o marketing sensorial em shopping centers é capaz de fidelizar os clientes e se tornar um diferencial competitivo decisivo.
Nos últimos meses, o marketing sensorial tem se tornado uma tendência poderosa para atrair e encantar clientes. De forma simples, o marketing sensorial consiste no uso intencional dos cinco sentidos para criar experiências memoráveis e que influenciam na decisão de compra.
Em shopping centers, ambientes altamente competitivos, essa abordagem pode ser aplicada desde as cores na vitrine até aromas característicos para despertar emoções positivas. Com isso, o impacto não é somente no tempo de permanência, mas também nas vendas e na fidelização de clientes.
Quer saber mais sobre essa estratégia? Continue lendo!
O que é marketing sensorial?
O marketing sensorial é uma segmentação do marketing que propõe uma abordagem mais criativa e marcante para os clientes. O foco está em criar experiências memoráveis através do estímulo dos cinco sentidos — visão, audição, olfato, tato e paladar — para despertar emoções, ativar memórias e gerar conexões com a marca.
Essa abordagem foi desenvolvida pelo alemão Bernd H. Schmitt, em meados dos anos 90, com a publicação do livro “Marketing Experiencial: Como fazer com que clientes sintam, percebam, pensem, ajam e se relacione com sua empresa e marcas”. O livro é um guia de como as empresas podem criar experiências que fortaleçam a conexão e gere um relacionamento mais profundo com clientes. Logo depois, o método foi espalhado e usado por diversas empresas pelo mundo.
O conceito foi ganhando força nos últimos anos à medida que o consumidor passou a valorizar não apenas o que se compra, mas como e por que se compra. Diferentemente do marketing tradicional, que, muitas vezes, se apoia em argumentos lógicos e benefícios do produto, o marketing sensorial atua no campo subjetivo. Isso porque busca atingir o lado emocional e até inconsciente, tornando a experiência de compra mais prazerosa.
Em shopping centers, essa estratégia encontra um cenário perfeito: é possível utilizar os 5 sentidos para criar uma atmosfera que estimula o bem-estar e prolonga o tempo de permanência. Ao integrar os estímulos, os shoppings não apenas impulsionam as vendas, mas também constroem vínculos emocionais com seus visitantes.
Veja também:
O papel dos sentidos na experiência do consumidor
A experiência do consumidor tem passado por transformações significativas, especialmente com o crescimento do e-commerce. Comprar pela internet se tornou mais prático, rápido e, às vezes, mais barato. Isso começa a desafiar os espaços físicos, principalmente os shoppings, a oferecerem algo que vá além de uma simples transação comercial.
Com isso, o marketing sensorial ganha relevância ao transformar o ato de comprar em uma vivência envolvente e emocional. Os shopping centers deixam de ser apenas locais de consumo e passam a ser espaços de convivência e lazer.
É neste ambiente que os cinco sentidos têm um papel fundamental: uma iluminação acolhedora, trilha sonora agradável, aromas aconchegantes, texturas confortáveis e experiências gastronômicas, tornam o ambiente mais convidativo e memorável.
Ao estimular os sentidos, os shoppings criam diferenciais competitivos que o e-commerce não consegue replicar. Isso gera não apenas vendas, mas também vínculos afetivos com os consumidores, que passam a ver esses espaços como um destino de experiências prazerosas.
Visão, o primeiro impacto
A visão é, geralmente, o primeiro sentido ativado na experiência do consumidor dentro de um shopping. Ela é responsável por influenciar, mesmo que inconsciente, a decisão de permanência e de compra. No marketing sensorial, a ambientação visual é pensada estrategicamente para criar uma atmosfera que acolha e encante o visitante.
Dessa forma, a escolha das cores,a organização do espaço e a iluminação são fundamentais nesse processo. As áreas comuns, como praças de alimentação e áreas de descanso, podem adotar paletas de cores alinhadas à identidade visual da organização. Isso porque as cores podem reforçar as sensações desejadas, como tranquilidade e sofisticação.
Com isso, a psicologia das cores também possui um papel fundamental nesse contexto. Tons como o vermelho podem estimular urgência ou chamar a atenção para uma informação, enquanto o azul transmite confiança e segurança. Assim, sempre que o cliente ver algumas cores, fontes e formas, se lembrará do shopping. As cores, quando bem utilizadas, podem se associar à identidade da marca, criando uma conexão imediata e sendo reconhecida sem a necessidade de apresentações.
A iluminação pode ser usada para destacar caminhos, valorizar produtos e influenciar no estado de humor do consumidor. Isso porque luzes quentes e indiretas transmitem aconchego, iluminação direta e generalizada chama a atenção para algum ponto de venda e a luz natural traz a ideia de um ambiente familiar.
Enquanto nas vitrines esse cuidado se intensifica, pois elas funcional como um cartão de visita, atraindo olhares e despertando o interesse de entrar na loja e comprar. Ao explorar esses recursos de forma integrada, os shoppings criam um ambiente harmonioso e envolvente, que convida o consumidor a explorar, permanecer e se conectar emocionalmente com o espaço.
Audição, criando emoção
A audição no marketing sensorial é fundamental para criar atmosferas emocionantes e influenciar o comportamento do consumidor de forma sutil, porém eficaz.
Sons e músicas bem escolhidos podem transformar o ambiente, gerar conexões afetivas e tornar a experiência de compra mais agradável, aumentando o tempo de permanência e as vendas.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Heartbeats International, 35% dos clientes ficam mais tempo na loja quando gostam da música, 14% deles compram mais do que planejavam e 31% voltam a comprar no local.
Assim, empresas podem criar playlists alinhadas ao perfil do público, considerando gênero, idade e região, para fortalecer o vínculo emocional. Ou seja, músicas familiares ou ritmos envolventes despertam lembranças e sentimentos que reforçam o vínculo entre o visitante e o shopping.
A música também ajuda a segmentar espaços, criando ambientes específicos: em praças de alimentação, músicas animadas incentivam a rotatividade, enquanto em áreas para jovens, músicas pop ou eletrônicas promovem descontração e conexão às tendências culturais.
Essa segmentação não apenas enriquece a experiência, mas também atua como um recurso capaz de orientar o comportamento do visitante. Cria-se uma jornada sensorial coerente e emocionalmente engajadora dentro do espaço. Assim, a audição participa ativamente da construção da identidade sensorial do shopping, garantindo que a visita não seja apenas um momento de compras, mas uma vivência emocional envolvente.
Olfato, a memória emocional
O olfato ocupa um lugar de destaque no marketing sensorial pela sua profunda ligação com a memória emocional e facilidade de construir a “personalidade sensorial”. Trata-se de um sentido intimamente ligado às emoções e às lembranças, o que permite que o aroma seja capaz de despertar, quase que instantaneamente, sentimentos e experiências vividas no passado.
A partir disso, muitos shopping centers investem em aromas exclusivos, criados especialmente para seus ambientes. Com o objetivo de reforçar sua identidade sensorial e criar uma marca olfativa única, esse perfume institucional precisa ser discreto, mas constante. Assim, ele pode ser dispersado nos corredores, entradas e áreas comuns, sendo associado, inconscientemente, à sensação de bem-estar e acolhimento.
Assim como ocorre a personalização sonora, os aromas também podem ser cuidadosamente adaptados aos diferentes ambientes. Por exemplo, em áreas de alto luxo, recomenda-se o uso de fragrâncias mais intensas e sofisticadas, com notas amadeiradas ou toques sutis de especiarias. Isso porque reforça o posicionamento premium do local e gera uma atmosfera de exclusividade.
Dessa forma, o marketing olfativo não apenas complementa a experiência sensorial, mas atua como um diferencial competitivo. Um aroma agradável pode prolongar a permanência do consumidor e até mesmo influenciar na percepção de valor dos serviços oferecidos. Por fim, o olfato transforma-se em um canal de comunicação emocional, capaz de tornar a visita ao shopping memorável, marcante e conectada ao consumidor.
Tato, o conforto no ambiente
O tato está muito associado à sensação de conforto físico e percepção de acolhimento nos ambientes, desempenhando um papel importante na experiência do consumidor.
Recursos como poltronas estofadas, pisos agradáveis ao caminhar e o uso de materiais táteis aconchegantes em áreas de espera, como superfícies aveludadas, são capazes de criar uma atmosfera convidativa. Esse cuidado nos detalhes transmite uma mensagem de cuidado, incentivando o visitante a desacelerar e relaxar, que favorece o tempo de permanência.
Além disso, a possibilidade de interação tátil com elementos do espaço e com produtos dispostos estimula a curiosidade e a percepção de qualidade. Ao privilegiar o contato físico nas áreas comuns, o shopping amplia seu papel para além de um centro de compras, mas sim um espaço de vivência sensorial integrada.
Com isso, o toque permite explorar texturas, pesos e acabamentos, aumentando a confiança e o desejo de consumo. O design sensorial não é apenas a sensação física, pois, ao integrar conforto tátil e estética, transforma o ambiente em uma extensão da experiência, tornando-a mais envolvente.
Paladar, a experiência que marca
Por fim, o paladar representa uma das experiências mais marcantes para o consumidor, pois envolve prazer imediato, vínculo emocional e satisfação pessoal. Oferecer degustações funciona como um convite irresistível à experimentação e às oportunidades de encantamento. Com isso, é possível fidelizar o cliente no primeiro contato.
Mais do que oferecer alimentos, os shoppings vêm transformando suas praças de alimentação em polos de experiência sensorial. Isso porque não apenas se come, mas também vivencia o ambiente através de:
- aromas convidativos;
- variedade de gostos e lojas;
- conforto nos espaços;
- design pensado para o bem-estar;
- cenário envolvente que convida o visitante a permanecer mais tempo.
Além disso, realizar eventos com foco culinário agregam valor à visita, despertando o interesse e promovendo momentos de convivência. Pode-se realizar:
- festivais gastronômicos;
- feiras de produtos artesanais;
- oficinas de culinária;
- menus temáticos em dias de eventos.
Assim, o paladar se torna um protagonista na jornada sensorial, contribuindo para que a experiência no shopping seja integrada, prazerosa e fixada na memória afetiva do consumidor.
5 dicas para implementar marketing sensorial em shopping centers
1. Conhecer o público
Antes de aplicar qualquer estratégia sensorial, é de suma importância entender quem são os visitantes do shopping. Saber a faixa etária, o perfil socioeconômico, preferências culturais, hábitos de consumo e entre outros. Isso porque permite criar experiências alinhadas com as expectativas do público e tornar a vivência sensorial mais eficaz.
2. Manter a coerência entre os sentidos e a proposta do do shopping e lojistas
Todas as escolhas sensoriais, seja os sons, aromas, cores e sabores, devem refletir a identidade do shopping e estar em sintonia com o seu posicionamento estratégico. Essa coerência é essencial para transmitir a mensagem de forma clara, fortalecendo o posicionamento da marca e garantindo uma experiência integrada e fluida.
3. Evitar exageros sensoriais
O excesso de estímulos pode causar desconforto, cansaço e até afastar os consumidores. Dessa maneira, é importante equilibrar todos os elementos sensoriais, respeitando os limites do espaço e criando ambientes agradáveis. Uma trilha sonora muito alta, iluminação agressiva ou excesso e mistura de cheiros pode comprometer toda a experiência.
4. Experiências imersivas e eventos sensoriais sazonais
Investir em ações temporárias e imersivas pode ser uma forma eficaz de renovar o interesse do público e gerar motivos para a visita. Por exemplo, instalações interativas, eventos gastronômicos, exposições táteis ou experiências olfativas. Para além, datas comemorativas, campanhas específicas e mudanças de estação são ótimas oportunidades para desenvolver práticas sensoriais temáticas.
5. Medir resultados: impactos nas vendas, tempo médio de permanência e satisfação dos clientes
Por fim, é fundamental monitorar os efeitos do marketing sensorial em shopping centers através de indicadores concretos. Avaliar algumas métricas permite ajustar estratégias, identificar o que funciona melhor e justificar os investimentos com base nos dados reais e nos objetivos.
Leia também:
- Marketing de influência para shopping: entenda como impulsionar
- Marketing digital para shopping: 11 dicas essenciais
- Marketing Empresarial: 15 dicas de como fazer
- Fundo de Promoção e Propaganda: entenda sua importância
Marketing sensorial com foco na diversidade e inclusão
A diversidade e a inclusão no marketing sensorial são fundamentais para garantir que a experiência no shopping seja acolhedora e acessível a todos os públicos. Para além de criar ambientes esteticamente agradáveis, é importante considerar a pluralidade de pessoas que circulam no espaço, incluindo aquelas com sensibilidade sensorial, deficiências físicas, neurodivergências ou necessidades específicas.
Um ambiente verdadeiramente inclusivo deve oferecer estímulos sensoriais equilibrados. Por isso, deve-se utilizar aromas suaves para não provocar desconforto, música em volume adequado, estímulos visuais controlados e espaços físicos acessíveis, com sinalização clara, boa circulação e estruturas adaptadas.
A experiência sensorial deve ser pensada com empatia e respeito, criando um ambiente seguro e agradável para todos. Além disso, é indispensável contar com equipes bem treinadas e capacitadas para atender com sensibilidade e simpatia a diferentes perfis de consumidores.
A inclusão sensorial vai além de ajustes físicos ou técnicos, pois ela envolve uma postura acolhedora e consciente por parte de todos os envolvidos na operação do shopping. Isso promove uma vivência positiva, respeitosa e verdadeiramente empática.
A experiência sensorial como diferencial competitivo
No cenário atual, em que o consumidor busca mais do que produtos, a experiência sensorial torna-se um diferencial competitivo decisivo para os shoppings. Mais do que centros comerciais, esses espaços vêm se consolidando como áreas de convivência, que as pessoas podem se encontrar, passear e criar memórias.
A partir disso, investir em experiências sensoriais bem planejadas é uma maneira de gerar conexão e fidelização. Cada detalhe contribui para transformar a visita em uma prática completa e integrada. Isso porque pensar nos espaços com foco nos sentidos é entender que a jornada de consumo vai além do racional: ela é construída a partir de emoções e significados que ficam registrados na memória.
Com esse tipo de vivência, o shopping se diferencia da concorrência e reforça sua relevância como um ambiente que valoriza o bem-estar, a inclusão e o relacionamento com o público.